quarta-feira, julho 29, 2009

Dos tempos de hoje

Monteiro Lobato em dois tempos:

1) No Brasil subtrai-se; somar, ninguém soma. (Urupês, 1918)
2) Um país se faz com homens e livros. (América, 1932)


É lamentável ver que o Brasil não saiu do seu estado de 'Velha República' - quem manda matar ou prender por aqui ainda são os coronéis (os grandes proprietários de terra). Essa é a política de poucos praticada com 'p' de podre, de presepada, de palhaçada. (aliás, essa rima poderia ir além).

Rei Lear: "Já viste um cão da roça ladrar prum miserável? (...) E o pobre diabo correr do vira-latas? Pois tens aí a imponente imagem da autoridade; até um vira-lata é obedecido quando ocupa um cargo."
(Shakespeare)

Sai Presidente, entra Presidente e a (grande) mudança é apenas física. As ideias são as mesmas de antes, os envolvidos também são os mesmos de sempre - direta ou indiretamente. Só saem quando morrem, impressionante! Mas pensando bem, um governo que submete - por anos a fio - o seu povo a um estado miserável de saúde e educação, poderia esperar uma postura diferente dos seus candidatos (à política em tempos de eleição) ou de seus governantes? Receio que não. Tirar vantagem em tudo vai além de uma simples mania, isso já virou cultura.

domingo, julho 26, 2009

Paris, a cidade misteriosa

Para mim Paris sempre foi uma cidade distante, não só geograficamente falando, mas no jeito (peculiar) que só o francês tem de viver as coisas deste mundo. Quando penso em Paris, penso na sua cultura de velho mundo, no conhecimento que só é permitido através do tempo, e que faz desta cidade a Cidade das Luzes, do individual e do solitário - um solitário contemplativo, completamente funcional, diferente daquele depressivo que a primeira imagem da palavra nos contempla. Eles estão certos. Parece loucura, mas é a verdade. Essa cultura de 'se dar de mais' não funciona em lugar nenhum do mundo. Não defendo a bandeira (inocente) de que o ser humano tenha nascido para a solidão, definitivamente, não. Mas o tempo praticado pelo pensamento (aquele em que as ideias sobrevivem), é diferente do universo real, em que todas as coisas acontecem. E este é o campo da batalha! Talvez seja justamente por esse detalhe que as relações humanas sejam tão complicadas e por vezes, descompassadas, impossíveis de serem geridas.

O filme Paris aborda estas possibilidades do entendimento da vida - e sua fulgacidade. A história mostra como pano de fundo a rotina de um camarada que está com os dias contados porque descobre que seu coração está fraco. A película também nos brinda com o ceticismo do velho professor universitário que, por obra do destino, se encanta por uma jovem e vive todos os desvaneos desta relação; também tem a história de alguns imigrantes africanos que buscam na França uma realidade melhor, mas o percurso deste sonho se apresenta de forma hostil: eles são carregados como bichos em caminhões que passam por lugares áridos como deserto e enfrentam, inclusive, um oceano dentro de uma frágil barcaça. Todas essas (e outras) histórias (não mencionadas aqui) se entrelaçam para aflorar no espectador a percepção da palavra vida, que reage diferente em cada indivíduo, mas que em todos os casos têm, em sua significação, uma razão para ser completamente genuína.


Classical Erik Satie, Gnossiennes No 1, performed by Ahmet B.Kafali


IMDB - o filme
Soundtrack - aqui
O filme - aqui

Et voilà!

The beautiful room is empty

This world will destroy you - Leather Wings

"Vendo aquela moça magnífica, eu pensei: como a beleza pode ser terrível? Acrescida de juventude, então, é completamente injusta, quase indecente. Admirei seu rosto, suas sombrancelhas, seus olhos, sua boca. Ela tinha um ar sublime. Eu me pergunte: 'por que ela?' Por que ela é tão bonita e por que os outros em volta são...não diria feios...mas tão banais, tão invisíveis? Existe alguma coisa de terrível ali dentro. A beleza é desagradável." (Memorable quote from movie Paris)

terça-feira, julho 14, 2009

Momento zen


"Without music, life would be a mistake."
(Nietzsche)

"O amor humano é um perigoso jogo. Porque essa humanidade se arruinou e adoeceu; esqueceu-se que a oferenda não lhe pertencia. Ninguém mais podia amar a sua oferta, mas a do seu vizinho; e já não amava com amor de dar, mas com amor de possuir. E não houve mais quem se despojasse, mas só quem apreendesse. Notou-se que o sol e a lua e as estrelas não tinham mais sua substância própria: eram de ouro e de gemas, eram pintados e incrustados; não se moviam nem aqueciam mais."

Cecília Meireles
- Obra em Prosa, fragmentos - Vol. 1”, Ed. Nova Fronteira - Rio de Janeiro, 1998, pág. 192.

domingo, julho 12, 2009

"A Dona da Historia"

Parte 1


Parte 2

"Eu espero! Só pra provar que amor como esse não se mede por fita métrica e nem por calendário..."

Passando na Globo um filme que vi tempos atrás - meu grande programa de sábado a noite...
:-)

Sobre o filme:
A Dona da História (2004) More at IMDb

A 50 year-old woman who analyses her past. She pictures herself when she was 20 years old and she re-creates the story of her life through a game of innumerous possibilities... What if she wouldn't have gone to that ball? What if... instead of meeting the man of her life, with whom she married and had kids, she would have called a girlfriend and they went to the theater? What would be her destiny? What would have happened? In the plot the present talks to the past. A young woman projects her future in a fascinating game between memories and desires. Written by Daniel Filho.

sexta-feira, julho 10, 2009

You've got a new message, gata.

E para quem era a mensagem, afinal? A pergunta de um milhão de dólares. Mas ela no fundo, no fundo sabia: não, não era para ele. Tentou pensar em nada e quis fazer a fina, relaxou. Foi tomar o seu café preto e ver se o espírito voltava para o corpo. Seguiu para o quarto. Lá colocou algumas peças de roupa no armário, esticou o lençol, recolheu as meias de dentro dos sapatos quando, de repente, se viu (surpresa) com um lápis na mão - mas o que eu queria fazer com este lápis? Deixou de lado o lápis e voltou para a sala. A noite de ontem ainda estava na sua cabeça. O forte cheiro de fumaça exalava da pele, mesmo depois de ter esfregando com sabão e esponja durante o longo banho. Olhou com desprezo a carteira. Contou por alto os valores, checou o cartão de crédito, as moedas: gente, como pude gastar tanto! Odeio ficar rica assim de repente. Mas ficar rica era a melhor hora da semana - hora em que todos os seus problemas eram apenas idéias que ficavam atrás da idéia menor, escondida. Passou a mão na cabeça ainda pensando na mensagem: a gente nunca mata um amor completamente ou mata? E o que achou como resposta ecoou durante a madrugada inteira.

(Adriana Schimit in Contos Para Ninguém)



terça-feira, julho 07, 2009

A última frase

Essa música é belíssima e estava guardada há tempos nos meus 'favoritos'. Hoje foi um dia especial. E por ter sido especial seria preciso um motivo, uma partilha qualquer. Pois bem, deixo esta pérola com vcs. God bless us...



Why didn't you stay?
R.I.P MJ

sábado, julho 04, 2009

Sinais

Longo, mas super interessante...



Vale o tempo, garanto.

sexta-feira, julho 03, 2009

Separando o joio do trigo

O 4 de Ouros como arcano de aconselhamento emerge do Tarot neste momento para você, Adriana, apontando este como sendo um momento que demanda maior senso do que realmente tem valor em sua vida. Sua atenção será chamada para as coisas que realmente importam, a fim de que você saiba separar o que é mera distração do que tem significado pessoal de importância. Ao mesmo tempo, você precisará trabalhar um pouco mais o seu desapego, a fim de não se deixar limitar por apenas um aspecto ou pessoa da sua existência. Tome cuidado com a inveja alheia, não por medo de “energias” negativas, mas para evitar atitudes de sabotagem por parte dos outros.

Conselho: Aprenda a proteger-se devidamente.

Fonte: EGO Astral

quarta-feira, julho 01, 2009

A sorte que o vento espalha



A coisa mais linda que existe
Composição: Gilberto Gil/ Torquato Neto

Coisa linda nesse mundo
É sair por um segundo
E te encontrar por aí
E ficar sem compromisso
Pra fazer festa ou comício
Com você perto de mim

Na cidade em que me perco
Na praça em que me resolvo
Na noite da noite escura
É lindo ter junto ao corpo
Ternura de um corpo manso
Na noite da noite escura

A coisa mais linda que existe
É ter você perto de mim
A coisa mais linda que existe
É ter você perto de mim

O apartamento, o jornal
O pensamento, a navalha
A sorte que o vento espalha
Essa alegria, o perigo
Eu quero tudo contigo
Com você perto de mim

Dorme o sol à flor do Chico, meio-dia

Gal e Caetano cantam O Ciúme

Cecília Meirelles no poema Motivo, diz: "não sou alegre, nem sou triste: sou poeta". Caetano em sua canção afirma que para ele a realidade é outra. É alguma coisa definida como: "nem alegre, nem triste e nem poeta". Ora, Ora, então qual seria o real motivo? "Não sei, não sei. Não sei se fico ou passo. Um dia sei que estarei mudo. Mais nada".

Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou se desfaço,
- Não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno e asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.

Cecília Meireles