domingo, julho 26, 2009

Paris, a cidade misteriosa

Para mim Paris sempre foi uma cidade distante, não só geograficamente falando, mas no jeito (peculiar) que só o francês tem de viver as coisas deste mundo. Quando penso em Paris, penso na sua cultura de velho mundo, no conhecimento que só é permitido através do tempo, e que faz desta cidade a Cidade das Luzes, do individual e do solitário - um solitário contemplativo, completamente funcional, diferente daquele depressivo que a primeira imagem da palavra nos contempla. Eles estão certos. Parece loucura, mas é a verdade. Essa cultura de 'se dar de mais' não funciona em lugar nenhum do mundo. Não defendo a bandeira (inocente) de que o ser humano tenha nascido para a solidão, definitivamente, não. Mas o tempo praticado pelo pensamento (aquele em que as ideias sobrevivem), é diferente do universo real, em que todas as coisas acontecem. E este é o campo da batalha! Talvez seja justamente por esse detalhe que as relações humanas sejam tão complicadas e por vezes, descompassadas, impossíveis de serem geridas.

O filme Paris aborda estas possibilidades do entendimento da vida - e sua fulgacidade. A história mostra como pano de fundo a rotina de um camarada que está com os dias contados porque descobre que seu coração está fraco. A película também nos brinda com o ceticismo do velho professor universitário que, por obra do destino, se encanta por uma jovem e vive todos os desvaneos desta relação; também tem a história de alguns imigrantes africanos que buscam na França uma realidade melhor, mas o percurso deste sonho se apresenta de forma hostil: eles são carregados como bichos em caminhões que passam por lugares áridos como deserto e enfrentam, inclusive, um oceano dentro de uma frágil barcaça. Todas essas (e outras) histórias (não mencionadas aqui) se entrelaçam para aflorar no espectador a percepção da palavra vida, que reage diferente em cada indivíduo, mas que em todos os casos têm, em sua significação, uma razão para ser completamente genuína.


Classical Erik Satie, Gnossiennes No 1, performed by Ahmet B.Kafali


IMDB - o filme
Soundtrack - aqui
O filme - aqui

Et voilà!