sexta-feira, julho 10, 2009

You've got a new message, gata.

E para quem era a mensagem, afinal? A pergunta de um milhão de dólares. Mas ela no fundo, no fundo sabia: não, não era para ele. Tentou pensar em nada e quis fazer a fina, relaxou. Foi tomar o seu café preto e ver se o espírito voltava para o corpo. Seguiu para o quarto. Lá colocou algumas peças de roupa no armário, esticou o lençol, recolheu as meias de dentro dos sapatos quando, de repente, se viu (surpresa) com um lápis na mão - mas o que eu queria fazer com este lápis? Deixou de lado o lápis e voltou para a sala. A noite de ontem ainda estava na sua cabeça. O forte cheiro de fumaça exalava da pele, mesmo depois de ter esfregando com sabão e esponja durante o longo banho. Olhou com desprezo a carteira. Contou por alto os valores, checou o cartão de crédito, as moedas: gente, como pude gastar tanto! Odeio ficar rica assim de repente. Mas ficar rica era a melhor hora da semana - hora em que todos os seus problemas eram apenas idéias que ficavam atrás da idéia menor, escondida. Passou a mão na cabeça ainda pensando na mensagem: a gente nunca mata um amor completamente ou mata? E o que achou como resposta ecoou durante a madrugada inteira.

(Adriana Schimit in Contos Para Ninguém)