segunda-feira, maio 31, 2010

If you want a guarantee, buy a toaster. #ClintEastwoodDay
 

Definitivamente gringo não sabe 'chegar'. NÃO SABE. E quando chega, está bêbado demais. Ter timing deve ser coisa de brasileiro, só pode! Ontem ajudei um amigo do meu marido a chegar numa menina. Acho que tenho tino pra coisa, deveria investir nisso - como a Márcia Goldsmith fez antes de ter o programa de barracos na tv. Eles (os gringos) são desajeitados, têm piadas sem graça, seguem à risca as revistas de moda, sem se importar se o biotipo deles comporta ou não o look sustentados pelos modelos. Sabem ser chiques e péssimos com o mesmo requinte. E quando querem impressionar? Sai de baixo! Parecem uns aliens... Sim, falta o tempero - aquele famoso venha-cá-minha-nega. Talvez seja cultural essa calma toda, eles não tem pressa. O lema é meio 'se der pra fazer deu, se não der, valeu.' Entenda: mesmo amando a menina, o rapaz (amigo do meu marido) não quis chegar nela. Acho que eles têm medo de mulher. Aliás, os homens deveriam ter medo mesmo. Nós (mulheres) somos perigosíssimas quando queremos ser. Fica a dica. Rá-rá-rá! (risada apocalíptica). Mas mudando de alho-pra-bulgalhos, acho esquisito essa empatação toda. Deve ser a birita. Só pode ser ela. Os homens australianos bebem demais e ficam inconvenientes. E por falar em 'inconveniente', (tsc, tsc, tsc) reza a lenda que os homens australianos, famosos em todo o mundo pela pinta de galã que sustentam, não são chegados ao sexo. É isso mesmo. Trocam tranquilamente a companhia de suas namoradas/mulheres pela birita e amigos. Tenso, não?

terça-feira, maio 25, 2010

Motivo, Ser & Estar

 Foto: Adriana Schimit - Vista do Crown Metropol

Existem tantas religiões e costumes no mundo, que uma pessoa comum só é capaz de perceber o tamanho dessa diferença quando viaja. Por isso a importância da viagem. Sempre achei que o sinônimo ideal para 'troca' deveria ser a palavra 'viagem'. Soube hoje que os cabelos de aplique que são vendidos nas grandes lojas do mundo são, em sua maioria, provenientes da Índia. Eu já usei aplique e sempre quando ia comprar novas gramas - sim, porque o certo é comprar em gramas - eles me juravam que os cabelos eram oriundos da Itália. Claro que o fato de saber que os cabelos vieram da Índia e não da Itália não afetou os meus planos para o futuro. Não mesmo. Ufa! Mas a história da índia é bem mais poética. Reza a lenda que as mulheres indianas cortam suas longas madeixas por motivos religiosos, isso porque o cabelo - em muitas culturas - tem uma conotação sexual. Sendo assim, elas cortam seus cabelos por devoção ao divino e se prendem à crença de que basta o seu olhar para guiar os homens tristes das dificuldades do mundo. Sim, os olhos são a janela da alma. Sem clichês.

Mas voltando ao fato do desconhecido, só a ação de se mover de um ponto a outro do planeta já faz com que uma pessoa comum seja tomada por uma sensação grandiosa, que ela é incapaz de mensurar, de descrever quando ela tenta explicitar detalhes da sua experiência.

É como ver o oceano pela primeira vez - ou pela última. Existe uma ponta do desconhecido que nos joga além, que nos faz felizes, é por aí. Vários motivos levam o ser humano a mudar de lugar ao longo da vida. Vários. Talvez o maior deles seja, seja...qualquer motivo soaria tão particular, isso porque motivo É particular. O resto é especulação, fofoca alheia. Às vezes não é preciso ir tão longe, quem sabe fazer um percurso diferente na volta do trabalho já ajuda a sair da mesmice. Quem sabe se atrasar uns minutos na volta do horário de almoço (no trabalho), só porque você se permitiu estar em um puta restaurante, levemente enebriado por um bom vinho no meio da tarde - que delícia, hein? - sentado à beira mar degustando um prato com uma decoração deslumbrante e com um nome esquisito, mas nem por isso menos delicioso. Sim, talvez essa seja apenas uma folga (sem gravidade) para suportar a loucura que é o dia-a-dia. Ou a felicidade contida em um pequeno prazer. Pode ser que o conceito comum da máxima 'ser feliz' seja uma outra coisa grave, grandiosa e impronunciável. Sim, talvez seja. Mas uma coisa não interfere na outra. Se é difícil ser feliz? Sim, é. Estar é mais fácil, acredito. Bem mais fácil...

segunda-feira, maio 24, 2010

Amigos & Solidão

Clarice Lispector entrevista Nelson Rodrigues:

É surpreendente como Nelson consegue captar - em palavras - o que a gente só percebe na intuição e cala. Segue um trecho da conversa:

- Nelson, você se referiu à solidão. Você se sente um homem só?
- Só ponto de vista amoroso eu encontrei a Lúcia. E é preciso especificar: a grande, a perfeita solidão exige uma companhia ideal.

- Ah, Nelson, isto é tão verdadeiro.
- Mas, diante do resto do mundo eu sou um homem maravilhosamente só. Uma vez fiquei gravemente doente, doente de morrer. Recebi em três meses de agonia, três visitas, uma por mês. Note-se que a minha doença foi promovida em primeiras páginas. Aí, eu sofri na carne e na alma esta verdade intolerável: o amigo não existe.

- Nelson, como consequência do meu incêndio, passei quase três meses no hospital. E recebia visitas até de estranhos. Eu não sou simpática. Mas o que é que eu dei aos outros para que viessem fazer companhia? Não acredito que não se tenha amigos. É que são raros. Ou eu dou muito pouco ou os outros não aceitam o que eu tenho para dar.
- Mas você tem sucesso real - e sucesso real vem quando se dá alguma coisa aos outros. Você dá. Certa vez fui a uma capelinha ver um colega morto. Eram duas da manhã. Uma mocinha saiu do velório ao lado com um caderninho na mão. Fez uma mesura para mim e disse: "quero ter a honra de apertar a mão do autor de A vida como ela é". E me pediu um autógrafo. Eu senti que estava vivendo um momento da pobre ternura humana. Eis o que eu queria dizer: o amigo possível e certo é o desconhecido com que cruzamos por um instante e nunca mais. A esse podemos amar e por esses podemos ser amados.. O trágico na amizade é o dilacerado abismo da convivência.

***

domingo, maio 23, 2010

Poema da Necessidade, por Tom Jobim



É preciso casar João,
é preciso suportar, Antônio,
é preciso odiar Melquíades
é preciso substituir nós todos.

É preciso salvar o país,
é preciso crer em Deus,
é preciso pagar as dívidas,
é preciso comprar um rádio,
é preciso esquecer fulana.

É preciso estudar volapuque,
é preciso estar sempre bêbado,
é preciso ler Baudelaire,
é preciso colher as flores
de que rezam velhos autores.

É preciso viver com os homens
é preciso não assassiná-los,
é preciso ter mãos pálidas
e anunciar O FIM DO MUNDO.

(Carlos Drummond de Andrade)

sábado, maio 22, 2010

Foto: Brighton Beach Gardens por Adriana Schimit

Poema do silêncio
(José Régio)

Sim, foi por mim que gritei.
Declamei,
Atirei frases em volta.
Cego de angústia e de revolta.

Foi em meu nome que fiz,
A carvão, a sangue, a giz,
Sátiras e epigramas nas paredes
Que não vi serem necessárias e vós vedes.

Foi quando compreendi
Que nada me dariam do infinito que pedi,
-Que ergui mais alto o meu grito
E pedi mais infinito!

Eu, o meu eu rico de baixas e grandezas,
Eis a razão das épi trági-cómicas empresas
Que, sem rumo,
Levantei com sarcasmo, sonho, fumo...

O que buscava
Era, como qualquer, ter o que desejava.
Febres de Mais. ânsias de Altura e Abismo,
Tinham raízes banalíssimas de egoísmo.

Que só por me ser vedado
Sair deste meu ser formal e condenado,
Erigi contra os céus o meu imenso Engano
De tentar o ultra-humano, eu que sou tão humano!

Senhor meu Deus em que não creio!
Nu a teus pés, abro o meu seio
Procurei fugir de mim,
Mas sei que sou meu exclusivo fim.

Sofro, assim, pelo que sou,
Sofro por este chão que aos pés se me pegou,
Sofro por não poder fugir.
Sofro por ter prazer em me acusar e me exibir!

Senhor meu Deus em que não creio, porque és minha criação!
(Deus, para mim, sou eu chegado à perfeição...)
Senhor dá-me o poder de estar calado,
Quieto, maniatado, iluminado.

Se os gestos e as palavras que sonhei,
Nunca os usei nem usarei,
Se nada do que levo a efeito vale,
Que eu me não mova! que eu não fale!

Ah! também sei que, trabalhando só por mim,
Era por um de nós. E assim,
Neste meu vão assalto a nem sei que felicidade,
Lutava um homem pela humanidade.

Mas o meu sonho megalómano é maior
Do que a própria imensa dor
De compreender como é egoísta
A minha máxima conquista...

Senhor! que nunca mais meus versos ávidos e impuros
Me rasguem! e meus lábios cerrarão como dois muros,
E o meu Silêncio, como incenso, atingir-te-á,
E sobre mim de novo descerá...

Sim, descerá da tua mão compadecida,
Meu Deus em que não creio! e porá fim à minha vida.
E uma terra sem flor e uma pedra sem nome
Saciarão a minha fome.

quarta-feira, maio 19, 2010

Mudanças



Fiquei sem postar aqui por um tempo. Pois é, muita coisa aconteceu nessa minha mudança de país - a mais significativa delas foi eu ter me casado. Sim, casado. Foi tudo muito lindo, apesar da ventania e do frio que abateu o dia. Mas foi perfeito no que era pra ser.

Estou mais no twitter pela facilidade da postagem via celular, entende? Aliás, este blog foi indicado (de novo!) ao Prêmio Top Blog. Achei besteira fazer campanha por votos, já que não tenho tanto tempo quanto antes...

Juro que estou mais presente no Twitter. Nos vemos por lá! Beijocas!

@schimitfacts
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Muito certo


“A multidão das ruas já tem, por si só, algo de repugnante, que revolta a natureza humana. Essas centenas de milhares de pessoas, de todas as condições e de todas as classes, que se apertam e se empurram, não são todas elas seres humanos, possuindo as mesmas qualidades e capacidades e o mesmo interesse na busca da felicidade? E não devem finalmente buscar essa felicidade pelos mesmos meios e procedimentos? E no entanto essas pessoas se cruzam correndo, como se nada tivessem em comum, nada a fazer juntas; e no entanto a única convenção entre elas é o acordo tácito segundo o qual cada um mantém a sua direita na calçada, afim de que as duas correntes de multidão que se cruzam não se empatem mutuamente; e no entanto, não vem à mente de ninguém conceder ao outro ao menos um olhar. Essa indiferença brutal, esse isolamento insensível de cada indivíduo no seio de seus interesses particulares são tanto mais repugnantes e ferinos quanto maior é o número de indivíduos confinados num espaço reduzido. E mesmo se sabemos que esse isolamento do indivíduo, esse egoísmo estreito são em toda parte o princípio fundamental da sociedade atual, eles não se manifestam em nenhum lugar com uma impudência, uma segurança tão totais quanto aqui, precisamente, na multidão da grande cidade. A desagregação da humanidade em mônadas, cada uma das quais tem um princípio de vida particular, essa atomização do mundo é aqui levada ao extremo”. [ENGELS, F. "Die Lage der arbeitenden Klasse in England". In: INSTITUT FÜR MARXISMUS-LENINISMUS BEIM ZK DER SED (Org.). Marx Engels Werke. Vol.2. Berlin: Dietz, 1956, p.257]