terça-feira, maio 25, 2010

Motivo, Ser & Estar

 Foto: Adriana Schimit - Vista do Crown Metropol

Existem tantas religiões e costumes no mundo, que uma pessoa comum só é capaz de perceber o tamanho dessa diferença quando viaja. Por isso a importância da viagem. Sempre achei que o sinônimo ideal para 'troca' deveria ser a palavra 'viagem'. Soube hoje que os cabelos de aplique que são vendidos nas grandes lojas do mundo são, em sua maioria, provenientes da Índia. Eu já usei aplique e sempre quando ia comprar novas gramas - sim, porque o certo é comprar em gramas - eles me juravam que os cabelos eram oriundos da Itália. Claro que o fato de saber que os cabelos vieram da Índia e não da Itália não afetou os meus planos para o futuro. Não mesmo. Ufa! Mas a história da índia é bem mais poética. Reza a lenda que as mulheres indianas cortam suas longas madeixas por motivos religiosos, isso porque o cabelo - em muitas culturas - tem uma conotação sexual. Sendo assim, elas cortam seus cabelos por devoção ao divino e se prendem à crença de que basta o seu olhar para guiar os homens tristes das dificuldades do mundo. Sim, os olhos são a janela da alma. Sem clichês.

Mas voltando ao fato do desconhecido, só a ação de se mover de um ponto a outro do planeta já faz com que uma pessoa comum seja tomada por uma sensação grandiosa, que ela é incapaz de mensurar, de descrever quando ela tenta explicitar detalhes da sua experiência.

É como ver o oceano pela primeira vez - ou pela última. Existe uma ponta do desconhecido que nos joga além, que nos faz felizes, é por aí. Vários motivos levam o ser humano a mudar de lugar ao longo da vida. Vários. Talvez o maior deles seja, seja...qualquer motivo soaria tão particular, isso porque motivo É particular. O resto é especulação, fofoca alheia. Às vezes não é preciso ir tão longe, quem sabe fazer um percurso diferente na volta do trabalho já ajuda a sair da mesmice. Quem sabe se atrasar uns minutos na volta do horário de almoço (no trabalho), só porque você se permitiu estar em um puta restaurante, levemente enebriado por um bom vinho no meio da tarde - que delícia, hein? - sentado à beira mar degustando um prato com uma decoração deslumbrante e com um nome esquisito, mas nem por isso menos delicioso. Sim, talvez essa seja apenas uma folga (sem gravidade) para suportar a loucura que é o dia-a-dia. Ou a felicidade contida em um pequeno prazer. Pode ser que o conceito comum da máxima 'ser feliz' seja uma outra coisa grave, grandiosa e impronunciável. Sim, talvez seja. Mas uma coisa não interfere na outra. Se é difícil ser feliz? Sim, é. Estar é mais fácil, acredito. Bem mais fácil...