Para mim Paris sempre foi uma cidade distante, não só geograficamente falando, mas no jeito (peculiar) que só o francês tem de viver as coisas deste mundo. Quando penso em Paris, penso na sua cultura de velho mundo, no conhecimento que só é permitido através do tempo, e que faz desta cidade a Cidade das Luzes, do individual e do solitário - um solitário contemplativo, completamente funcional, diferente daquele depressivo que a primeira imagem da palavra nos contempla. Eles estão certos. Parece loucura, mas é a verdade. Essa cultura de 'se dar de mais' não funciona em lugar nenhum do mundo. Não defendo a bandeira (inocente) de que o ser humano tenha nascido para a solidão, definitivamente, não. Mas o tempo praticado pelo pensamento (aquele em que as ideias sobrevivem), é diferente do universo real, em que todas as coisas acontecem. E este é o campo da batalha! Talvez seja justamente por esse detalhe que as relações humanas sejam tão complicadas e por vezes, descompassadas, impossíveis de serem geridas.
O filme Paris aborda estas possibilidades do entendimento da vida - e sua fulgacidade. A história mostra como pano de fundo a rotina de um camarada que está com os dias contados porque descobre que seu coração está fraco. A película também nos brinda com o ceticismo do velho professor universitário que, por obra do destino, se encanta por uma jovem e vive todos os desvaneos desta relação; também tem a história de alguns imigrantes africanos que buscam na França uma realidade melhor, mas o percurso deste sonho se apresenta de forma hostil: eles são carregados como bichos em caminhões que passam por lugares áridos como deserto e enfrentam, inclusive, um oceano dentro de uma frágil barcaça. Todas essas (e outras) histórias (não mencionadas aqui) se entrelaçam para aflorar no espectador a percepção da palavra
vida, que reage diferente em cada indivíduo, mas que em todos os casos têm, em sua significação, uma razão para ser
completamente genuína.
IMDB -
o filmeSoundtrack -
aquiO filme -
aquiEt voilà!