sexta-feira, setembro 04, 2009

Do tempo

Rio de Janeiro, 01/09/2009.

Olá, XXXXXX!
Quanto tempo...

Tudo bem com vc? Aqui está tudo certo. Tenho feito alguns planos para o fim do ano (e o início do próximo), foi quando bateu uma nostalgia esquisita, sabe. Passei a tarde inteira recordando os meus planos de infância. Naquela época eu já havia decidido tudo o que seria hoje: vida estabilizada, quem sabe já com filhos, casa própria - vida de gente grande, novela das oito. Essa nostagia também acontece porque planejo uma mudança. Até mudar um vaso de flores de um canto para outro da sala exige uma aceitação mental. Aliás, é quase isso. Mais do que o corpo, o espírito também precisa estar flexível em certas horas, é essencial. Sei que os planos de agora não vão trazer uma mudança imediata, do tipo 'ou dá ou desce', mas a questão é estar num ambiente diferente, com outra cultura, é outra história. Sim, vai ser bom mudar de ares, estar com a minha vibe em um outro canto do mundo aprendendo. Aprender é sempre o melhor de tudo que planejo: saber mais sobre mim, fato. Não é todo mundo que pode se dar o luxo de trocar o cenário da sua própria vida ou ter esse entendimento - mesmo que permaneça no mesmo lugar.

Aqui estamos. Tem horas que nada acontece, parece que precisamos "aguardar" alguma coisa que nunca chega. Isso me causa uma aflição... Claro que a vida da gente não pode ser um filme de ação, com direito a efeitos especiais de toda espécie, mas estar parado?(!) Não, eu não desejo isso nem para o meu desafeto - será que não? Pronto falei.

Mas voltando ao relógio, depressão deve ser isso: o tempo estático no coração, na vida, no trabalho. A pessoa enlouquece! Por que quando mais se precisa de pessoas, de uma palavra amiga, nada disso chega? Qual é o elo que une as pessoas? O amor? Talvez. Mas o ódio também pode unir se vc for pensar. É um misto, um mistério solitário. Energia deve ser isso, essa troca de vibes e de entendimento. Foi bom imaginar como seria o futuro naquela época. Lembro como se fosse hoje do orgulho que senti de todas as resoluções tomadas...hahaha...essas crianças!

(...)

(Adriana Schimit em Cartas para Ninguém)