segunda-feira, novembro 23, 2009

As histórias de cada um

Toda vez que alguém conta a sua própria história, por mais que vc conheça o histórico dessa pessoa, sendo ela dramática, fantasiosa, sonhadora, oportunista, etc., soa diferente. Seja como for, o fato é que quando essa pessoa está contando a história dela parece que ela se desprende de todos os adjetivos passados e amarras: abre-se (do céu) um foco de luz que a ilumina por inteiro, como se ao redor do ouvinte nada mais tivesse vida ou importasse. E o ouvinte vai se reconhecendo nas passagens, vai se emocionando com as histórias, ele compra o peixe. Há quem diga que o verbo não tem mais força e que não se deve levar ao pé da letra tudo o que é dito. Eureka: existem as entrelinhas! Muitos defendem que faz parte da inteligência emocional do ser humano saber ler essas entrelinhas. Aliás, dizem até que Deus é verbo.

É justamente no limite dessa confusão humana do querer e ter é que as palavras se esquecem...Se eu pudesse escolher um 'verbo padrão' para ser a base das relações humanas, eu escolheria o verbo acreditar. O duvidar dói tanto. Parece que toda hora, todo dia, morre um pedaço da crença. O amor sozinho não sustenta o edifício das outras necessidades vitais. É preciso esforço: vontade de ser mais do lado do Outro. Vontade também de acentuar essas qualidades buscando conhecimentos de graduação. O amor não está só no 'poder prover'. Tem alguma coisa ali de paciência nele, de carinho ao ver o Outro em posição inferior. Amor é esclarecer o que não se sabe com bondade e respeito.

Eu acredito no verbo porque me comunico através dele. Aliás, escolhi a comunicação como dever de casa para a vida. Mesmo assim, confesso, que nem sempre compreendo bem essas malditas entrelinhas. Mas quem entende? Parafraseando o moço da capa voadora:"Para o alto e avante!" E assim vivemos.