terça-feira, junho 02, 2009

Pense no Haiti - Reze pelo Haiti

Catástrofes sempre uniram a humanidade desde que o tempo é tempo. E isso é um fato. Outro dia, navegando pelo facebook, vi uma frase interessante de um amiguinho virtual meu que questionava justamente essa leitura coletiva do que é o afeto. Ele dizia que "achava curioso perceber a sensibilidade das pessoas ao distante e não ao próximo". E fiquei pensativa. Claro que todo mundo leu os jornais nos últimos dias - não se fala em outra coisa além do Airbus seja na rua, na sala de aula, no banheiro, no elevador...Todos estão atentos ao fato trágico. O mundo parou. Ninguém mais fala da tragédia de Cocal, no Piauí (mortes e o rompimento da barragem de Algodões), também não se fala (quase) sobre a GM, por exemplo. Acho bonita e justificável a comoção popular diante do trágico. O sentimento de ajuda sob a angústia dos familiares das vítimas que possívelmente nunca poderão enterrar os corpos dos seus entes queridos é totalmente nobre - e quem não se lembra do sr. Ulisses Guimarães? Mórbido, mas real. Falo aqui da força da natureza, dessa capacidade de mudança na paisagem em segundos, do inesperado. Ora, ora, ora, me assusto com as minhas respostas inconscientes - o que não vem para somar, também não precisa dividir. E no fim das contas, todas as questões que tenho sempre recaem para dois pontos clássicos: qual será o lugar em que eu escolho colocar a minha sensibilidade? E quais são os meus reais critérios para entender o que é o afeto? O silêncio me parece mais animador.



"Ninguém/ Ninguém é cidadão/Se você for ver a festa do Pelô /E se você não for /

Pense no Haiti
Reze pelo Haiti
O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui

E o venerável cardeal disser que vê tanto espírito no feto/ E nenhum no marginal."
(Música: Caetano Veloso e Gilberto Gil. Letra de Caetano Veloso)