sábado, maio 02, 2009

Toc, toc...

"Chegou a reconhecê-la no tumulto através das lágrimas da dor que jamais se repetiria de morrer sem ela, e a olhou pela última vez para todo o sempre com os mais luminosos, mais tristes e mais agradecidos olhos que ela jamais vira no rosto dele em meio século de vida em comum, e ainda conseguiu dizer-lhe com o último alento:
- Só Deus sabe o quanto amei você."

"Rogou a Deus que lhe concedesse ao menos um instante para que ele não partisse sem saber quanto o amara por cima das dúvidas de ambos e sentiu a premência irresistível de começar a vida com ele outra vez desde o começo para que se dissessem tudo que tinham ficado sem dizer, e fizessem bem qualquer coisa que tivessem feito mal no passado."

(Gabriel Garcia Marquez in O amor nos tempos do cólera).